Meu relato de parto, Thomas 💙
Um dia antes de completar 40 semanas de gestação, na madrugada do 07/07/22 , acordei com uma fisgada em baixo da barriga. Aproveitei para ir fazer xixi e vi que tinha saído um pouco de tampão mucoso . Quando voltei pra cama, tinha uma mensagem da minha doula Thainy perguntando se minhas contratações tinham aumentado, já que durante mais de uma semana eu vinha sentindo contrações em alguns momentos do dia e com mais frequência durante a noite, mas nunca ficavam ritmadas . Isso aconteceu 00:54 , combinei com ela que se mudasse alguma coisa eu ligava. Tentei me deitar novamente mas não consegui dormir.
Às 1:52 da manhã, resolvi começar a cronômetrar as contrações, já que na estava sentindo dor com frequência a mais de uma hora seguidas. No aplicativo eu tinha contrações entre 3 e 6 minutos, e foi então que 02:25 da manhã eu liguei para a Thainy. Como as contrações ainda não estavam de fato ritmadas, ela me disse para ficar na bola e tomar um banho quente e foi o que eu fiz.
Às 03:57 minha doula me manda mensagem pergunta como que eu estava , e me pediu para dizer de 1 a 10 , qual era a intenso das dores. Eu disse 6, as dores tinham aumentado mas eu conseguia ficar tranquila porque o pequeno intervalo entre elas eu conseguia respirar e me concentrar bem para a próxima contração que iria chegar.
Às 04:49 minha doula disse que estava se organizando para poder vir ao meu encontro com a querida fotógrafa Leticia. Nessa hora, minhas contratações já haviam aumentado no nível da dor, mas não de intervalo.
Enquanto elas estavam a caminho eu fiquei na bola debaixo do chuveiro, mas comecei a ficar com muita dor e resolvi mudar de posição.
Fui para a sala, já estava vocalizando a dor, tentando não fazer tanto barulho porque o Henry ainda dormia. Comecei a sentir medo, foi uma dor que eu nunca senti e ao mesmo tempo, estava completamente conectada ao meu filho, e sentia que ele também sentia muito desconforto com as contrações. Eu o sentia soluçar, e nas pausas das contrações ele sempre se mexia para me dizer que ele estava bem e que logo estaríamos frente a frente.
A partir daqui eu já não tenho noção de hora e nem de tempo 😅
Muitas contrações depois, a minha doula Thainy chega já com a fotógrafa Leticia. Eu já estava num nível de dor considerável e mal conseguia conversar com elas. A Thainy já veio me auxiliar com as dores, e nessa hora eu só pensava que ainda teríamos um longo caminho pela estrada e eu tinha medo de não conseguir ter forças até o hospital.
Henry acabou acordando, fiquei preocupada dele me ver já gemendo alto e ficar com medo, mas o papai estava lá com ele e não deixou isso acontecer. Eles me deram um beijo e eu fui para o carro com a doula e a fotógrafa, e o Márcio foi deixar o Henry e a Paloly na casa da vovó Sara antes de ir para o hospital.
A ida até o carro foi difícil, porque eu sempre tinha que parar a cada contração e ficar agachada até a contração passar. Finalmente no carro, Letícia veio dirigindo e a Thainy veio no banco de trás comigo me auxiliando nas dores. E que dores eram. Ficaram diferentes, era uma pressão muito mais forte, e dentro do carro, de costas para a estrada, gritando a cada contração, fomos durante a viagem até o hospital. Não tenho idéia de quanto tempo durou o caminho, mas foi bem intenso.
Comecei a entrar em desespero e a pedir a peridural, eu queria que a dor parasse de qualquer jeito.
Quando chegamos no hospital, passamos pela entrada das urgências. Eu já estava gritando de dor. Ficamos um tempo ali na entrada para fazer o registro pro hospital, aquilo pareceu uma eternidade, eu só queria subir para que tirassem a minha dor. Enquanto a Doula tentava passar meus dados, eu me segurei na Letícia, que teve que fazer o a doula alguns instantes. Finalmente nos deixaram entrar e ligamos para o Márcio que também estava chegando. Um auxiliar do hospital veio ajudar com a cadeira de rodas, eu subi para o andar do Cocon ajoelhada na cadeira e aos berros. Eu me recordo das vozes ao meu redor, e da voz do auxiliar que tentava me acalmar dizendo que estavamos quase chegando.
Uma vez que entramos na ala do Cocon, fui direto para o quarto que estava sendo preparado pra mim. Pude escutar a água da banheira que se enchia e da meia luz do quarto. Mas a única coisa que deu tempo de fazer foi de me ajoelhar na beira da cama e voltar a posição que eu tinha ficado mais “confortável” desde de que as contrações fortes tinham começado. Ali naquele momento eu quis começar a fazer força, e o medo aumentou bastante. Perguntei onde estava o Márcio, quando o vi entrar na sala fiquei aliviada. Eu pedia por uma peridural, mas não sabia que o Thomas já estava quase saindo 😅
Eu escutava a Thainy me dizer que só podiam me fazer a peridural depois de me examinarem. Eu estava desesperada, com medo do “desconhecido”. Eu havia lido tanto e assisti tantos vídeos de parto. Mas quando chegou a minha vez, confesso que fiquei com medo do que viria. Então foi ali na beira da cama que eu comecei a empurrar sem mesmo me dar conta, e a bolsa estourou. Márcio veio para perto de mim, e então começamos a fase do expulsivo.
Assim que a bolsa estourou eu senti um alívio absurdo, que durou segundos 😅 e logo depois eu senti todo o corpinho do Thomas descer, eu levei um susto. Eu conseguia sentir tudo, o corpinho dele dentro de mim, os seus movimentos e a cada segundo que passava a cabeça dele estava mais baixo. A dor ficou diferente, e ao invés de sentir a dor das contrações eu passei a sentir a dor da expulsão. Lembro que começaram a falar que já dava para ver o cabelinho dele, e perguntaram se eu queria tocar. Nessa hora bateu um desespero. Eu ainda não estava pronta pra isso.
Como eu não poderia estar pronta? Sonhei desde sempre com um parto natural, estudava sobre o assunto, via vídeos, idealizava posições e tudo mais. Mas não era eu que estava no controle da situação, e sim o Thomas. Ele queria sair, ele estava pronto. Me lembro que eu tentei levantar nesse momento ( como se desse tempo de me preparar melhor psicologicamente pra sentir ele nascer) , Thainy conseguiu me segurar e explicar que eu não podia me levantar porque a cabecinha dele já está saindo. Voltei a me ajoelhar e sentir todo o corpinho dele fazer força pra sair, nesse momento eu meu corpo sozinho me fazia fazer uma força surreal, e eu comecei a gritar e empurrar ao mesmo tempo, mesmo sem querer fazer aquilo. Estava com medo de alguém fazer um procedimento que eu não estava de acordo ( trauma do parto do meu primogênito) , e eu estava me concentrando mais em não deixar que me “machucassem” do que em deixar meu filho nascer.
Foi então que a mágica aconteceu, e toda a equipe entendeu que eu estava mais com medo do que tudo. E passaram a me dar força e falar que ninguém ia fazer nada comigo. Que estavamos ali só esperando o Thomas chegar e que estava tudo bem. Vi o Márcio atrás de mim e tive coragem de me entregar. Me senti protegida. Fiz a força da minha vida e a cabecinha do Thomas saiu. Mais uma força e o corpinho terminou de sair. Thomas foi direto amparado pelo papai ( sim, o papai que pegou ele), olhei atrás de mim e vi que Thomas chorava nas mãos do papai.
Olhei para traz e vi que ele estava bem. No primeiro momento não tive coragem de pegar ele, eu me tremia toda e estava assimilando ainda que de fato eu tinha dado a luz de forma natural e que eu estava bem. Depois de alguns segundos, me senti melhor e peguei meu bebê no colo. Que alegria, e que alívio de ter meu bebê finalmente nos braços. Ainda sentia a adrenalina do momento do expulsivo , mas conforme eu fui me deitando na cama com o Thomas no colo, a calma tomou conta e pude me concentrando só no bebê.
Me examinaram enquanto Thomas fazia a primeira mamada, ainda ligado no cordão umbilical. Deixamos ele ligado na placenta a primeira hora. Foi incrível! Estávamos ali juntos, aproveitando cada momento. Thomas não saiu de perto da gente em nenhum momento.
Márcio ficou conosco em todo momento, e desde as primeiras horas de vida, Thomas já estava no aconchego da família com a mamãe e o papai. Depois de 1h ainda ligado a placenta, papai cortou o cordão umbilical, e aí sim Thomas foi ser medido e pesado. Márcio ficou com ele esse tempo enquanto eu descansava ainda deitada na cama. Depois ele fez pele a pele com o papai enquanto fazia uma soneca. Ficamos ali conversando em um clima super gostoso, eu a doula, a Letícia e o Márcio. Nem parecia que a 1h atrás eu estava gritando e parindo um bebê 😅 Depois de terem pegado todos os dados do bebê, nos disseram que poderíamos ir para o quarto, estava tudo bem com mamãe e bebê. Finalizando assim nossa aventura do parto. 🥰❤️
Nycole: @itsmenycolle
Fotógrafa: @souvenir_photographie
Leia o relato da doula desse mesmo nascimento AQUI.
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